20 de novembro e a luta das mulheres negras
Fala da companheira Pâmela Cristina no Ato da Consciência Negra em Piracicaba
Falamos aqui do lugar da mulher que luta, da mulher preta que existe e resiste em Piracicaba e por meio do coletivo feminista e antirracista Marias de Luta, que a 3 anos atua em Piracicaba no enfrentamento a violência contra as mulheres, revindicando o dever do Estado em intervir pelo fim da violência de gênero, mas também na prevenção, informação/formação e multiplicação de saberes e estratégias de sobrevivência para meninas e mulheres piracicabanas. E também represento aqui o grupo percursivo de maracatu feminino e feminista de baque virado Baque Mulher Piracicaba, existente e resistente desde 2019. O BM é um movimento idealizado pela nossa mestra Joana, primeira mulher regente de uma Nação maracatu, Encanto do Pina na comunidade do Bode em Recife, que se estrutura na perspectiva do empoderamento feminino e do combate a violência contra as mulheres, por meio do maracatu.
Hoje queremos exaltar aquela que nos antecederam, nossas mais velhas, que abriram os caminhos para que pudessemos resignificar nossos corpos como ferramenta de luta e resistência. Mulheres revolucionárias. Salve Dandara, salve Teresa de Benguela, salve Laudelina Campos de Melo, salve Carolina de Jesus, salve Lelia González, salve Sueli Carneiro, salve Mestra Joana, salve Marielle Franco, salve Mama África em nome de todas as mulheres pretas piracicabanas. Mulheres que datados 520 anos, enegrecem esse país em seus 56.7% da população brasileira.
Mulheres estas que revelam um país com um projeto de extermínio de corpos pretes, onde são 66,6% das vítimas de feminicídio em 2019, 59,7% das mulheres vítimas de violência sexual que deram entrada no SUS, nesse mesmo SUS que sofre ataque constante através do desmonte, as mulheres negras são 54,8% das vítimas de violência física. Não é a toa que querem privativar o SUS, não é a toa que as mulheres negras são as que mais morrem, não é a toa que as mulheres negras engrossam o caldo de quase 2 milhões de trabalhadoras domésticas enquanto não chegam q 5% de pesquisadores em universidades públicas. A necropolitica que determina as vidas pretas no Brasil, também determina a vida da mulher preta, que pari, cria, educa e sustenta a nova geração de homens e mulheres negras.
PÉ principalmente e indissocialmente pela vida dessas mulheres, que o Coletivo feminista e antirracista Marias de Luta e o grupo percusivo feminino e feminista de maracatu baque virada Baque Mulher Piracicaba existem em Piracicaba, como forma de enfrentamento ao racismo, machismo, sexismo e misoginia da sociedade Piracicaba. Queremos falar da importância de poder falar do lugar da resistência das mulheres pretas e em memória a todas que se foram e do Orun nos guiam e nos orientam.
Saravá a todas as mulheres pretas de luta!